Teoria do apego: a explicação científica para o amor?
A
Psicologia estuda diversos aspectos do comportamento humano, passando por
muitos estudiosos que buscam explicar algumas características peculiares na
forma de agir das pessoas. É a maneira de algumas teorias se perpetuarem por
muito tempo e serem consideradas clássicas, mas também é possível que sempre
surjam outros estudos que tragam novas formas de estudar o comportamento
humano.
A
Teoria do Apego faz parte de um estudo interdisciplinar que passa pelos campos
psicológicos, evolutivos e etológicos. Esta teoria parte da descrição de alguns
aspectos específicos nas relações humanas e também entre outros primatas.
Em
resumo, o estudo tem como principal afirmação o fato de que é fundamental a uma
criança recém-nascida, desenvolver relacionamentos com seus cuidadores
primários, ou com pelo menos um deles. Caso isso não aconteça, o
desenvolvimento social e emocional deste recém-nascido pode ser prejudicado.
O
início da Teoria do Apego ou Vinculação
A
Teoria do Apego surgiu depois da Segunda Guerra Mundial, tendo como seu
precursor o psiquiatra e psicanalista John Bowlby. Nesse período, as crianças
que estavam sem lar, órfãs, que apresentaram dificuldades em ter um
desenvolvimento normal. Assim, o estudioso foi convidado a escrever um panfleto
sobre o assunto pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em seguida, começou a
formulação desta teoria.
Quando
são bebês, as pessoas se apegam aos adultos que demonstram sensibilidade e
receptividade para desenvolver relações sociais e que serão seus cuidadores por
um período de alguns meses. Essa relação é desenvolvida a partir dos seis meses
aos dois anos de vida.
Um
exemplo fácil para entender melhor como funciona a teoria em bebês é quando
estes começam a engatinhar e, posteriormente, a andar. Para que arrisquem os
movimentos, eles precisam ter uma figura que demonstre segurança. Aí entram os
adultos cuidadores, que estão lá para não os deixar cair, ou, se caírem, ajudar
a levantar. Assim, os bebês podem explorar cada vez mais e sempre ter uma
figura segura para quem voltar.
Esta
primeira relação na vida de uma pessoa faz com que ela desenvolva padrões de
apego e, por consequência, que ela crie expectativas para outros
relacionamentos futuros. Isso ocorre por meio de modelos internos, modelos
próprios de funcionamento, que guiam pensamentos, emoções e percepções
individuais.
Principais
estudos relacionados a teoria do apego
John
Bowlby publicou diversos estudos e documentos a respeito da Teoria do Apego.
Entretanto, é necessário destacar um deles: “Apego, Separação e Perda”, de 1969
a 1982. Neste artigo, ele afirma que a conduta infantil está relacionada à
busca incessante de proximidade junto a uma figura próxima, representando a
característica do apego.
As
ligações afetivas prematuras são explicadas pelo estudioso a partir de campos
específicos que se interligam, tais como psicologia evolutiva, etologia, teoria
de sistemas de controle, teoria da relação de objetos e biologia evolutiva.
Esse estudo publicado partiu de documentos preliminares que foram interpretados
em 1958.
Outro
nome importante para o desenvolvimento da Teoria do Apego foi Mary Ainsworth,
psicóloga que reforçou os conceitos básicos do estudo. Ela é responsável pelo
conceito de base segura e também elaborou os padrões de apego em
recém-nascidos: apego inseguro-evitativo, apego inseguro-ambivalente, apego
seguro, e apego desorganizado – que surgiu posteriormente.
Tanto
Bowlby quanto Ainsworth foram bastante criticados por afastarem os princípios
psicanalíticos da teoria. Porém, o estudo foi reconhecido como fundamental na
Psicologia, porque auxilia principalmente na compreensão do desenvolvimento
social precoce. Os modelos de padrões foram, por um tempo, considerados
limitados em meio a tanta diversidade de personalidades.
Entretanto,
a Teoria do Apego tem contribuído não somente na evolução de estudos nos campos
a que pertence, mas também na criação de políticas sociais. Isso porque
diversos países apresentam carências relacionadas ao amparo de crianças órfãs e
que apresentam dificuldades em desenvolver os primeiros relacionamentos
sociais.
O
conceito de apego
A
palavra apego apresenta os mais distintos significados no dicionário. Porém, na
teoria aqui apresentada, o termo mostra-se como ligação entre um indivíduo e a
sua figura de apego ou um vínculo afetivo. Essa relação pode ser considerada
recíproca quando entre dois adultos, mas quando se trata de uma criança e um
responsável, ela está fundamentada principalmente na proteção e segurança,
fatores essenciais no período da infância.
A
teoria explica como as crianças desenvolvem relações com aqueles que se propõe
a cuidar delas, visando principalmente o desenvolvimento emocional, social e
físico. Em termos mais científicos, o objetivo psicológico é ter segurança
enquanto o objetivo biológico é a sobrevivência.
O
mais comum é que a mãe seja vista como essa figura de cuidador primário e, por
consequência, a principal imagem de apego. Entretanto, como se tratam de
crianças, qualquer adulto que mostre sensibilidade e receptividade e se
comporte como alguém “maternal” pode assumir essa figura.
Também
é possível que a criança tenha mais de um cuidador primário e, portanto, várias
figuras de apego, tal como o pai, por exemplo. Isso ocorre quando a criança
começa a fazer a discriminação entre esses cuidadores. Porém, é importante
destacar que a partir dos dois anos ela também começa a fazer a hierarquização
desses cuidadores. Por exemplo: mãe, pai, avó e assim por diante.
O
importante nesta figura de apego é que ela esteja disponível e sempre
acessível. Caso contrário, a criança pode demonstrar alguns sentimentos. A
ansiedade significa um medo de ser deixado de lado pelo cuidador e a angústia
pode estar relacionada a uma separação, mesmo que momentânea.
Os
comportamentos
Os
comportamentos são divididos durante as primeiras fases de vida da criança.
Durante os seis primeiros meses, os comportamentos são considerados pré-apego,
já que as relações ainda não estão estabilizadas. Assim, na primeira fase –
oito semanas - os recém-nascidos emitem sorrisos ou choros para chamar a
atenção dos cuidadores. Porém, neste momento inicial, isso pode ser emitido
para qualquer pessoa, já que a distinção não é feita de maneira tão fácil.
Já
na segunda fase, compreendida entre dois a seis meses, o bebê demonstra maior
recepção com o cuidador principal, já sabendo discriminar melhor as outras
pessoas e até rejeitá-las. Isso ocorre porque o desenvolvimento das habilidades
se mostra mais rápido e eficaz.
O
chamado apego claro e certo é visto na terceira fase – após os seis meses até
os dois anos -, quando a relação entre o bebê e o cuidador se torna mais
organizada. Aí objetivos se mostram com mais nitidez: segurança e proteção. Na
presença da figura de apego, a vontade para explorar se mostra maior, já que
ele se mostra relaxado por ter alguém o cuidando.
Apego
em adultos
Apesar
de John Bowly ter formulado a Teoria do Apego para estudar as situações
relacionadas a bebês e crianças, o estudo acabou sendo estendido para
relacionamentos românticos entre adultos. A iniciativa foi de Cindy Hazan e
Phillip Shaver no final dos anos 1980.
Neste
caso, foram identificados quatro tipos de apego: seguro, preocupado-ansioso,
desapegado-evitativo e assustado-evitativo. Eles correspondem, basicamente, aos
padrões das crianças.
O
primeiro tipo representa adultos que são, como o nome já diz, mais seguros de
si, de seus relacionamentos e companheiros. Eles gostam de independência, mas
também de intimidade, sabendo estabilizar as duas características.
Já
os adultos preocupados-ansiosos representam uma parcela que é mais preocupada
com aprovação e repostas positivas. Eles também buscam níveis mais altos de
intimidade, o que acaba demonstrando bastante dependência em relação ao
companheiro.
Os
adultos desapegados-evitativos possuem independência até demais, o que
dificulta para formar um relacionamento estável. Eles têm uma visão
auto-suficientes de si mesmos e, por vezes, acabam afastando possíveis
companheiros.
Por
fim, os adultos assustados-evitativos possuem sentimentos que são desde a
necessidade de mais intimidade até situações desconfortáveis com intimidade
emocional. Eles costumam desconfiar de seus parceiros.
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